A Inteligência Artificial tem estado em pauta desde a popularização de chatbots e IAs generativas como o ChatGPT da OpenAI, e seu papel na sociedade suscita debates e levanta questionamentos em vários campos de estudo e de trabalho. Quando focamos especificamente no mercado de trabalho é possível identificar algumas perguntas e preocupações mais comuns, como é o caso do receio por parte dos trabalhadores de terem sua função substituída pela IA.
Do outro lado da moeda temos o temor de CEOs e outros C-Levels da resistência ao uso de Inteligência Artificial e a carência de conhecimento sobre a ferramenta comprometer a competitividade de suas empresas em um futuro que indica caminhos cada vez mais informatizados e automatizados.
Analisando os dois pontos, qual parece ser o verdadeiro panorama da IA no mercado de trabalho? Será que funcionários serão substituídos por robôs treinados para desempenhar suas funções? Ou será que a resistência à adoção das novas tecnologias vai forçar as empresas a frear inovações? É o que debateremos adiante no artigo de hoje!
A substituição dos trabalhadores é uma possibilidade?

A cada ano que passa as ferramentas de IA recebem atualizações que as tornam mais precisas, mais rápidas e agregam mais funções ao seu repertório, a exemplo da recente adição da criação de imagens ao ChatGPT. Com tantas melhorias e inovações em tão pouco tempo, quem está no mercado de trabalho se sente ameaçado pelas tecnologias e pensa: “Será que o meu emprego vai ser substituído pela Inteligência Artificial?”.
A dúvida é válida, e a resposta não é igual para todos os segmentos do mercado. Por exemplo, trabalhos pautados no desempenho de rotinas repetitivas têm mais risco de serem substituídos por modelos de IA do que aqueles que dependem da interação humana e de quesitos como a sensibilidade e a interpretação de textos. Na prática, isso quer dizer que funções como atendente de telemarketing tendem a deixar de ser desempenhadas por pessoas, enquanto que assistentes sociais e programadores têm menos chance de terem suas profissões automatizadas.
Além disso, muitos postos de trabalho serão criados em resposta às demandas da IA, como já houve antes com o surgimento de dezenas de outras tecnologias que “ameaçavam” os empregos humanos. É o que Valéria França evidencia nesse artigo da Veja: embora alguns empregos vão, sim, ser automatizados, não se pode falar em um caos no mundo do trabalho como tem sido pintado. A verdade é que, pelo menos até 2030, não há um panorama de substituição total de humanos por Inteligência Artificial na maior parte das profissões atuais.
Visão dos CEOs sobre o assunto
Entendemos, então, que o domínio da IA sobre os trabalhadores de carne e osso está distante da realidade. Mas e o contrário? Será que a resistência ao uso da Inteligência Artificial por parte dos profissionais representa um risco para a competitividade das empresas da forma que os executivos apontam?
Parece que a resposta, nesse caso, é que sim, a resistência humana pode ser uma barreira para a inovação tecnológica. No caso dos executivos, o investimento em IA não significa a eliminação da mão de obra humana – e qualificada -, mas a possibilidade de incorporar às atividades empresariais uma ferramenta inteligente com capacidade de coletar dados essenciais para o aprimoramento da experiência dos clientes, por exemplo, permitindo uma tomada de decisões mais embasada e passível de impulsionar suas Organizações à frente da concorrência, como destaca esse artigo da Forbes.

Logo, entende-se a preocupação de CEOs e outros C-Levels com a negação que muitos profissionais têm ao uso da IA nas rotinas de trabalho, visto que, para executivos, a tecnologia representa uma aliada, e não uma concorrente. Com isso, surge um grande alerta para a escassez de trabalhadores que tenham conhecimento de IA e saibam otimizar suas interações com a ferramenta, além de saber quando usá-la e, sobretudo, quando não usá-la.
Conclusão
Da análise de ambos os cenários, podemos concluir que o medo por parte dos trabalhadores de que a IA os substitua em suas funções é legítimo, porém há pouca evidência que sustente essa possibilidade nos próximos anos. Além disso, concluímos que o uso da Inteligência Artificial para boa parte dos executivos é como ferramenta de análise estratégica, não apontando para a substituição de funcionários humanos por robôs treinados.
Logo, esperamos ver mais avanços surgindo no campo da IA, mas que não tendem para a aniquilação de empregos. E ainda ressaltamos que a carência de profissionais da tecnologia especializados em IA no Brasil abre um novo setor de mercado que promete gerar mais empregos à medida que a sofisticação da própria Inteligência Artificial crie novas demandas.
Finalmente, entendemos que a IA não deve ser tratada como um bicho-papão dos empregos, e sim como uma ferramenta potente e apta a apoiar profissionais com suas rotinas diárias. Novamente, como em outros momentos da tecnologia, o medo da inovação precisa dar lugar à vontade de aprender para que os trabalhadores se mantenham competitivos no mercado.
Esperamos que esse artigo tenha elucidado suas dúvidas sobre o panorama da Inteligência Artificial no mercado de trabalho. Nos vemos na próxima semana com mais um conteúdo de interesse do universo digital, até lá!