O impacto da tecnologia na sociedade de modo geral nos últimos anos, especialmente no período pós-pandemia, se mostrou tão forte que hoje é praticamente impossível pensar em uma rotina que não envolva a interação com ela de alguma maneira. Seja para trabalho, estudos ou até mesmo lazer, a tecnologia está mais presente no dia a dia a cada ano que se passa.
Assim como muitas outras inovações, não se pode afirmar que a tecnologia seja boa ou má, o que é possível é analisar suas consequências em múltiplas áreas da vida humana, como na saúde mental. Essa em especial pode tanto se beneficiar quanto sofrer prejuízos do uso da tecnologia, e o fator determinante de um resultado ou outro é, principalmente, como escolhemos usá-la.
No artigo de hoje iremos analisar os impactos da tecnologia na saúde mental, trazendo reflexões acerca do tema, bem como dicas e ideias para usá-la a favor do bem-estar psicológico. Continue lendo para descobrir mais sobre o panorama do universo digital sobre a mente humana!
O paradoxo da conectividade

Quando se fala em conectividade pensamos em contatos, troca de informações, e até nas redes sociais. Imaginamos a conectividade no meio digital como a interação com usuários da internet que estão distantes de nós fisicamente, a possibilidade de acompanhar um evento do conforto de nossas casas por meio de uma transmissão online, mas será que essa aparente conectividade tem, de fato, gerado conexões? Para profissionais de saúde mental, a resposta é negativa.
O que explica essa visão de muitos psicólogos e psiquiatras frente ao questionamento feito é o fato de que, embora a tecnologia tenha facilitado o contato com pessoas e realidades distantes de nós geograficamente, ela também tem promovido um maior isolamento social. Isso porque o contato cara a cara tem se tornado cada vez mais raro, e até mesmo evitado pelos mais jovens, como explica a professora de psicologia online no programa de pós-graduação do Instituto de Psicologia da USP Nara Helena Lopes Pereira da Silva no podcast “Ciência & CulturaCast” promovido pela Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC).
Portanto, é possível, sim, afirmar que a tecnologia promove conectividade, mas nem sempre podemos dizer que ela promove conexões. No lugar de um uso que leva a encontros, tem sido preferido o uso que começa e permanece online, sem, de fato, culminar em uma conexão presencial. Soma-se a isso o fato das redes sociais estarem abandonando seu papel pretendido de promotoras de trocas para assumir o de mídias divulgadoras de conteúdo, tornando seu consumo muito mais passivo – ou seja, de espectador – do que ativo – isto é, de produção de conversas e interações.
A sobrecarga de informações
Um dos pontos mais interessantes da tecnologia é permitir a disseminação de informações para um grupo enorme de pessoas em pouquíssimo tempo. Atualmente as notícias nos alcançam quase em tempo real, e assim ficamos informados sobre o que acontece do outro lado do mundo de forma ágil, o que é positivo. Em contrapartida ocorre também um “bombardeio informacional”, por assim dizer, em que a todo momento nos são apresentadas novas pautas, novos produtos, novas notificações nos smartphones, gerando a sensação de sobrecarga, o que, por consequência, produz ansiedade.
Essa sobrecarga é tão alarmante que recebeu um termo para nomear a sensação de impossibilidade de absorver todas as informações recebidas diariamente, é a “infoxicação”. Apesar do termo ter sido cunhado em 1996 pelo físico espanhol Alfons Cornellá, ele não poderia ser mais atual. Vivemos num estado constante de infoxicação muito apoiado pelos algoritmos das mídias sociais, que estudam o comportamento digital do usuário e o servem um “banquete de conteúdos” para mantê-lo rolando o feed pelo maior tempo possível, e nesse caminho encontrando ainda mais informações em forma de publicidade.

No “Ciência & CulturaCast”, a professora Nara Helena relaciona o uso excessivo dos meios digitais e essa sobrecarga de informações com uma série de riscos, como a criação de desejos artificializados formados pela enxurrada de publicidades a que ficamos expostos, a redução da criatividade pela falta do ócio, a diminuição do foco, da memória temporal e também da memória espacial.
Tecnologia a serviço da saúde mental
Como saída para os transtornos psicológicos e desafios relacionados ao uso excessivo da tecnologia, a professora Nara Helena apresenta o letramento digital e o uso consciente e ativo das ferramentas tecnológicas.
O primeiro se trata da educação para o uso da tecnologia a promover a leitura, escrita e comunicação nos ambientes digitais, e o segundo leva em conta a atenção ao tempo de tela, ao que consumimos na internet e a saída de um local apenas passivo de consumidor de tecnologia para adentrar um papel ativo de construtor, incentivando a inserção principalmente de crianças e jovens, mas não somente desses grupos, em cenários de prática de programação, elaboração de vídeos etc.
Já os pesquisadores em psiquiatria Arthur Caye e Felipe Moretti no artigo “Tecnologia pode mitigar epidemia de transtornos mentais”, publicado no Jornal da USP, evidenciam o uso de plataformas digitais como apoio aos profissionais da saúde mental e aos pacientes de casos leves, trazendo o exemplo do aplicativo Conemo, que foi desenvolvido para estudo com uso de uma série de sessões de ativação de comportamento, uma técnica da terapia cognitivo-comportamental que induz a pessoa a realizar atividades diárias prazerosas ou significativas para si, e ajudou a reduzir em 50% os sintomas de depressão leve apresentados por pacientes com hipertensão e diabetes que participaram do estudo.

Assim como o Conemo, existem Apps disponíveis nas lojas de aplicativos Android e IOS que favorecem momentos de reflexão, meditação e o acompanhamento do humor, além da própria prática de terapia online que beneficia pessoas que não possam se deslocar até o consultório de um psicólogo, como quem mora em zonas rurais, quem apresenta dificuldades de locomoção etc, expondo as contribuições da tecnologia à saúde mental quando seu uso é feito de maneira ativa e consciente.
Boas Práticas com a Tecnologia
O que ressaltamos ao longo deste artigo é que a tecnologia sozinha não é capaz de produzir resultados benéficos ou maléficos, todo desfecho vai depender da maneira como nós, enquanto sociedade, utilizamos essa ferramenta. Já está claro que o uso consciente das telas, das mídias sociais e dos canais de comunicação online é o que define nossa relação com o digital, mas como, de fato, seria esse uso?
Respondemos essa questão com algumas boas práticas ao lidar com a tecnologia:
- Limite seu tempo de tela: a pesquisa Digital 2023:Global Overview Report da DataReportal concluiu que os brasileiros estavam em segundo lugar dentre 45 países analisados em relação ao tempo de telas da população, passando cerca de 9 horas por dia interagindo com telas. Os riscos desse uso excessivo incluem ansiedade, redução da capacidade de foco e das relações sociais. Para evitar esses malefícios, recomenda-se impor um limite ao tempo de tela diário e, de fato, seguí-lo.
- Participe de atividades presenciais: Um dos riscos do consumo excessivo e passivo da tecnologia é a escassez de relações interpessoais cara a cara, o que promove o isolamento social. Para fugir desse cenário é imprescindível se manter engajado em atividades presenciais, como oficinas com assuntos de interesse, encontros com família e amigos, visitas a parques naturais, museus, teatros etc. Mantenha-se conectado no offline.
- Utilize a tecnologia a seu favor: Como já citamos, existem aplicativos disponíveis gratuitamente* que promovem a prática de meditações, mindfulness, respiração consciente etc. Busque por apps como o Headspace ou Insight Timer, que dispõem de uma biblioteca de práticas meditativas e de autoconhecimento, e comece a utilizar o mundo digital a favor do seu crescimento pessoal!
*Alguns apps apresentam planos de assinatura, mas oferecem teste grátis de suas funções
Conclusão: O Papel da Bit Help no Uso Consciente da Tecnologia
Na Bit Help, acreditamos que a tecnologia deve ser uma aliada, e não uma fonte de sobrecarga. Como especialistas em soluções tecnológicas, reconhecemos nossa responsabilidade em promover o uso consciente e saudável dos dispositivos eletrônicos e da internet.
Nossa missão vai além de fornecer tecnologia: queremos educar, conscientizar e incentivar práticas digitais responsáveis, ajudando nossos clientes e parceiros a encontrarem o equilíbrio entre o digital e o offline.
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